sábado, 25 de abril de 2020

Respeitável público

Era uma vez um circo, mas não um cirquinho xulé daqueles com arquibancada que belisca a bunda quando a gente senta pra ver o show,  era um circão danado de lindo...só vendo, grandão mesmo.
Esse circo, como todos os circos , tinha um chefão,  mas o circão grandão deu um baita azar, o chefão era o palhaço e esse sim era um palhaço de cirquinho xulé, nem sabia o que fazer com um circão daqueles.
O Palhaço Xulé tinha um ídolo que ele amava, era um palhaço conhecidão, o Peruquinha...Peruquinha tinha um circo chique, caro de entrar, tem gente que junta dinheiro da merenda o ano todo só pra ver o show do Peruquinha.
Ser chefão de circo é difícil e Xulé estava crente que ele imitasse Peruquinha ia se dar bem.
Um dia, o Palhaço Xulé brigou de ficar de mal com o mágico e o mágico que era todo cheio dos segredos, disse que tinha um monte de coelho na cartola... estava aí feita a discórdia no picadeiro, o mágico acusou o Xulé de se meter na banca de doce, prometeram até cartola nova pro mágico ficar quieto. Nesse circo, o menos culpado era o público que pagava pra ver o show.
Malabaristas, dançarinos, domadores, bailarinas todos esperando o imbróglio se desenvolver,  nos resta saber se a lona vai aguentar... e coitado do público. 
Assim que eu souber o bicho que deu, eu conto pra vocês!!

Bico fechado


     Era uma vez um passarinho rebelde que não migrou para um lugar mais quente no inverno junto com os outros. Ele pensou: Tenho tempo, vou aproveitar mais a praia.

     Quando já estava beeeem frio ele resolveu ir, voou durante bastante tempo e como já estava frio demais suas asinhas congelaram e ele caiu um uma fazenda, quando viu a morte chegando veio uma vaca e cagou em cima dele.

     Ele pensou: Que modo mais horroroso de morrer, todo cagado... Foi aí que com o cocô quentinho ele sentiu seus ossinhos aquecendo e a vida voltando a seu corpo, ficou tão feliz que começou a cantar, foi aí que um gavião ouviu seu canto e fuçou a merda até achar o passarinho e o comeu.

     Moral da história: NEM SEMPRE QUEM CAGA EM CIMA DE VOCÊ É SEU INIMIGO, NEM SEMPRE QUE TIRA VOCÊ DA MERDA É SEU AMIGO E QUANDO VOCÊ ESTIVER BEM E FELIZ NÃO CANTE MUITO ALTO.

Solidão

Solidão é noite escura mesmo em dias de sol causticantes...
Sou lunar, soturna, solitária...
Mesmo cercada de gente, arrumo um jeito de me encerrar em mim mesma...
Ressaca é uma coisa solitária...
Cachaça filha da puta, nunca mais eu bebo!!!

O dia em que o Rio foi iluminado pelas luzes da polícia

                No primeiro dia da Olimpíada carioca, nossa Cidade foi maquiada, ops, iluminada pelas luzes dos carros da Polícia Militar, nós estávamos literalmente sob os holofotes da Polícia.
                A cada esquina, cada recanto, cada beco do Centro do Rio, estavam lá homens e mulheres que eu nem sabia que era tantos. Vi carinhas assustadas, aborrecidas, empolgadas, de todos os tipos mesmo.
                O Exército brasileiro também foi convidado ao furdunço, passei por vários deles, não mais que meninos, ali de pé com armas e bagagens, em cima de tanques de guerra parecidos com peças de Museu... Acho que no treinamento foi passado que um dos artifícios sine qua nons de intimidação era a cara feia. Todas aquelas crianças ali de pé, com aquela cara emburrada e doidos para saírem caçando Pokémons.
             Confesso que estou muito apreensiva quando a famigerada Olimpíada acabar e o que sobrar da chama olímpica voltar pra Grécia... As férias coletivas dos meninos maus vão acabar e eles vão querer fazer hora extra nos assaltos para compensar o tempo perdido.

                Por enquanto a Cidade ainda pisca em vermelho, depois vai continuar sofrendo em cinza mesmo...e vamos que vamos...

Relacionamento

Repartindo com vocês a minha idéia de relacionamento:
Acho que todo relacionamento é um grande balde cocô, cocô mesmo, merda... coberto de chantilly.
Cada um recebe uma colher, e os dois começam a comer... Se os dois resolvem rusgas e problemas com amor e companheirismo eles fabricam chantilly, se brigam de forma irracional se aproximam da merda...Com o passar dos tempos, fabricamos mais chantilly ou nos aproximamos da merda...
Não sei vocês, mas até agora, nunca dei uma colherada de merda, uma vez ou outra meu chantilly vem manchadinho, isso acontece, mas tento conduzir meu relacionamento baseado no creme de leite batido com açúcar... delícia!!!!

Como ser uma dama

Diz a lenda que uma dama sempre tem sua casa limpa e arrumada, a cozinha brilhando e o cesto de roupas sujas sempre vazio...

Uma dama está sempre bem arrumada e perfumada...

Uma dama é fina, não bebe, não fala palavrão e se comporta corretamente o tempo todo, em qualquer lugar ou ocasião...

Uma dama não reclama de nada, não fala alto, sobra paciência para atender sua família...

Uma dama tem sempre um belo sorriso no rosto...

Uma dama é sempre delicada, tem sempre uma frase amável a todos...

FUDEU!!! Não sou uma dama!!!

Avaliar é o que mesmo?

     Escola não é lugar para se despejar conteúdo dentro de cabeças e depois testar o quanto caiu dentro e o quanto caiu fora.

     Lendo a afirmação acima, paramos para pensar pra que serve a "avaliação escolar", será que a forma que avaliamos nossos alunos está contribuindo para seu crescimento? Tenho um "ranço" com a danada da prova, a avaliação quantitativa sozinha não prova absolutamente nada, só se o sujeito lembra do que leu... 
     Avaliar o aluno qualitativamente além de contribuir para seu crescimento e criatividade fomenta no aluno a vontade e a capacidade de participação nas aulas e sabemos que um aluno participativo cresce não só o lado cognitivo, mas abrande o desenvolvimento de múltiplas inteligências. Estamos falando de relacionamento interpessoal, lógica, capacidade de expressão, capacidade de organização mental e argumentação.
     Estamos em constante estado de aprendizagem e de avaliação, deles, os alunos e nosso, professores. Foi-se o tempo que o professor era considerado "O detentor de todos os saberes", graças a Deus isso não existe mais. Educação é construção e processo que nunca se acaba. Aprendizes eternos é o que somos, ensinamos e aprendemos todos os dias com nossos alunos, e que privilégio isso é.

O lugar do Era uma vez

Era uma vez um lugar que era o lugar do Era uma vez... Não entendeu, né?  Tá, explico!

Um dia, e era dia, porque o sol estava de parceria com o maçarico do meu avô, fui na casa da afilhada da minha mãe, você sabia que afilhado de mãe não é seu parente?? Pois pra mim é, chamo de prima, então fui na casa da minha prima.

Adorava ir à casa da minha prima, tinha um monte de gente da minha idade, agente brincava sempre na rua, mas algumas vezes os amigos sumiam e acho que iam brincar com outras pessoas, mas eu não gostava da brincadeira, era de polícia e ladrão, mas era tão de verdade que eles apareciam até na televisão... Gosto não.

Bom, voltando... eu falo demais, mas só as vezes, eu cheguei na casa da minha prima e fui logo sabendo das novidades, novidade de criança é urgente, urgentíssima, urgentissíssima, minha prima, ahh o nome dela é Maria Eduarda, agente chama ela de Duda, a Duda me contou que a Kaylane, que é colega dela da escola, tem um vizinho o Carlos Miguel, que conhece um garoto da escolinha de futebol, o Samuel que contou que tem um lugar no bairro que parece de sonho.
Então, marcamos na esquina, eu, a Duda, a Kay, o Carlos Miguel e o Samuel e fomos lá ver essa coisa de sonho...

Lá no lugar de sonho, tem um monte de coisa pra fazer, um monte novidade pedindo pra ser vista, dizem que dá quase pra ouvir as novidades: Me descobreeee, tô aquiiii!!! Tem umas caixas que praticamente tem vida própria e abrem janelas para todas as partes do mundo, qualquer lugar mesmo.
Nesse lugar, que era o lugar o Era uma vez, podemos falar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, posso até falar com meu primo Maurício que mora longe pra caramba, falei com ele e ainda vi sua careta feia. E nesse lugar de sonho moram pessoas que sabem uma pá de coisa legal, eles ensinam como mexer nas caixas mágicas, ensinam a procurar gente que se perdeu, gente que se perdeu no mundo e dentro de si mesmo.

Eles falam que a parte mais legal é ensinar as pessoas a se acharem, quando as pessoas vão lá no Lugar do Sonho eles aprendem a mexer na caixa mágica, aprendem a deixar a vida mais fácil e levinha de se levar. Lá, criança tem oportunidade de adulto, não de ser adulto, mas de quando chegar lá na adultice a coisa ser mais fácil e adulto tem a oportunidade de criança, não de brincar só, mas de fazer a adultice dele melhor.

Pois eu fui, e fui, e fui ... e continuo indo. Todo dia aprendo e ensino. Tenho certeza que minha adultice vai ser boa e as pessoas legais, aquelas que conhecem uma pá de coisa legal, sempre dizem que a melhor parte do lugar é repartir, é construir... Como é que constrói repartindo? Eu perguntei... Uma das pessoas legais me disse: É só usar o Conhecimento como massa de modelar.


 E quem dia que lugar do Era uma vez não existia??

A avó, a neta, a gata e o feijão

Nanica era uma gata, não uma gata qualquer, daquelas que lambem o pelo e miam pra caramba quando estão com fome, Nanica era especial, era uma Lady!!
     Durante muito tempo ela morou em uma casa muito chique, com um dono muito metido a chique, nessa casa, ela ouvia muitas coisas sobre o que seu dono fazia, ele era o que se chama de Deputado, se bem que ela sempre pensou que era comerciante, ele estava sempre tentando comprar ou vender alguém ou alguma coisa, mas isso é outra história ou História, quem sabe?

     Bom, a Nanica, aquela gata toda chique tinha um ponto fraco, bom, todos nós temos, o da Nanica era feijão.
     Por causa do seu ponto fraco ela foi expulsa da casa chique. Vagou, vagou, quando alguma coisa chamou a atenção do seu olfato de gata, antes chique, agora vira-latas. Aquele cheiro vinha de uma casa legal, tinha uma gente legal, morava uma avó e duas netas, muitos agregados iam até a casa da avó para chorar suas pitangas e provar do objeto de desejo da Nanica: O feijão da avó.
     Volta e meia, Nanica aparecia, roubava um pedaço de linguiça aqui, um pedaço de peixe ali, abriu a geladeira e experimentou uma coisa engraçada, a neta menor e mais ajuizada chamava de picolé, tentou provar um bolo que a mãe da neta menor, a ajuizada, tinha feito, mas nem Nanica conseguiu, o tio Carlinhos chamou de bolo de jujuba, ninguém gostou, nem Nanica, mas ninguém disse nadinha, a mãe era meio braba, fazia uma cara feia e todo mundo corria, até a Nanica.
   
     Um dia, dia não porque tinha lua e estrela pregada no céu, então era noite...Uma noite, a neta maior, aquela que juízo não era muito o forte dela, ela tinha uma cara engraçada, parecia cara de cotia do Campo de Sant'Anna, bom , a neta cara de cotia chegou da escola e a avó mandou ela jantar e comer feijão, o que era difícil, a neta menor (o nome dela era Lê) , ela sim era boa de boca, "rapava" tudinho do prato, mas a cara de cotia (o nome era Bia... até que rima), a Bia gostava de pizza, sanduíche, bolo e bala, mas não de feijão.
     Toda criança tem que comer feijão, sabia? Tem ferro, sempre procurei o danado do ferro no meu prato e nunca achei, mas a tia Vê diz que faz bem... Ah!! a tia Vê é médica, braba a beça...e olha que nem pode, é magrinha, baixinha, cabelo curtinho, ela é no diminutivo, mas quando fala o que pode e o que não pode, o xarope certo e a injeção errada, fica grandona, gigante mesmo.

     Vamos voltar ao feijão...a Bia cara de cotia esquentou a comida e o cheirinho foi longe, lá na casa da tia Sueli e a Nanica sentiu também.
     A nanica estava contando que a Bia cara de cotia fosse esquecer alguma coisa sem tampa, torceu, torceu e nem precisou torcer tanto assim, porque ela sempre esquecia, mas dessa vez sabe o que a Bia esqueceu??
O feijão!!! A Nanica nem acreditou, cheirou, olhou, salivou e se deliciou, baixou os queixos mesmo.
     No dia seguinte a avó acordou, colocou os oclinhos de avó, os chinelos de avó e foi na cozinha fazer o café. Foi aí que estava tudo acabado, como diz tia Naná, para o lado da cara de cotia. A avó brigou, brigou, a Bia cara de cotia chorou, saiu até lágrima, ela prometeu nunca mais esquecer nada (hum, tá.. sei...)
     A Nanica? Essa comeu que se fartou, mas como era muito mal educada, comeu mais do que devia, teve que parar na tia Vê, médica de estomago de gata e de pereba de mãe, é danada!!
     Nanica se mudou, está morando na casa de um japonês que não faz feijão, só sushi, ela está até gostando, o pior é aprender a comer com os pauzinhos...mas toda noite a Nanica sonha, sabe com quê??

Ah, o carnaval


     Ah, o carnaval! Parece que novas leis vigoram e o reinado de Momo é realmente levado a sério. Hábitos mudam, atitudes que seriam inaceitáveis em "dias comuns" são perfeitamente normais. No carnaval o brasileiro coloca o "bloco na rua", não só o bloco com música e dança, entende-se por "bloco" as vontades reprimidas, os desejos, o seu EU que fica ali reprimido, escondidinho durante o ano.
     O povo brasileiro não é muito famoso por sua capacidade de organização política ou econômica, não conhece as leis, não conhece seu direitos e não sabe votar, mas para o carnaval viramos verdadeiros mestres e doutores em organização e conhecimento do enredo, é uma "brincadeira" extremamente séria para o brasileiro.
     O carnaval é o ópio, a válvula de escape , é quando pessoas comuns se tornam reis e rainhas, é quando o povo se sente verdadeiramente importante, as divisões de classes sociais perdem um pouco sua importância. O carnaval nivela, equilibra? Acho que sim, em alguns momentos... Estamos ali lado a lado, sem me importar de não ter conseguido pagar a conta do telefone e a odalisca que beija meu amigo, ser a filha de um grande acionista da companhia telefônica.
     Mas acaba, né?  Na quarta tudo vira cinzas, (se bem que esse ano o coelhinho chegou no mesmo dia que a Globeleza deixou cair seu último paetê na sala) e o povo tem novamente que se preocupar com a conta do telefone, com os R$ 0,20 do ônibus, com os salários curtos e os meses longos...
     Fico na esperança que possamos empregar a mesma energia purpurinada no nosso dia a dia, utilizar a criatividade que o carnaval fomenta para gerir nossas vidas, e que o diretor de harmonia que vê um buraquinho no meio de uma ala em plena Marquês de Sapucaí, possa usar a mesma sagacidade para perceber que seu filho é "armeiro" do tráfico.