sábado, 25 de abril de 2020

A avó, a neta, a gata e o feijão

Nanica era uma gata, não uma gata qualquer, daquelas que lambem o pelo e miam pra caramba quando estão com fome, Nanica era especial, era uma Lady!!
     Durante muito tempo ela morou em uma casa muito chique, com um dono muito metido a chique, nessa casa, ela ouvia muitas coisas sobre o que seu dono fazia, ele era o que se chama de Deputado, se bem que ela sempre pensou que era comerciante, ele estava sempre tentando comprar ou vender alguém ou alguma coisa, mas isso é outra história ou História, quem sabe?

     Bom, a Nanica, aquela gata toda chique tinha um ponto fraco, bom, todos nós temos, o da Nanica era feijão.
     Por causa do seu ponto fraco ela foi expulsa da casa chique. Vagou, vagou, quando alguma coisa chamou a atenção do seu olfato de gata, antes chique, agora vira-latas. Aquele cheiro vinha de uma casa legal, tinha uma gente legal, morava uma avó e duas netas, muitos agregados iam até a casa da avó para chorar suas pitangas e provar do objeto de desejo da Nanica: O feijão da avó.
     Volta e meia, Nanica aparecia, roubava um pedaço de linguiça aqui, um pedaço de peixe ali, abriu a geladeira e experimentou uma coisa engraçada, a neta menor e mais ajuizada chamava de picolé, tentou provar um bolo que a mãe da neta menor, a ajuizada, tinha feito, mas nem Nanica conseguiu, o tio Carlinhos chamou de bolo de jujuba, ninguém gostou, nem Nanica, mas ninguém disse nadinha, a mãe era meio braba, fazia uma cara feia e todo mundo corria, até a Nanica.
   
     Um dia, dia não porque tinha lua e estrela pregada no céu, então era noite...Uma noite, a neta maior, aquela que juízo não era muito o forte dela, ela tinha uma cara engraçada, parecia cara de cotia do Campo de Sant'Anna, bom , a neta cara de cotia chegou da escola e a avó mandou ela jantar e comer feijão, o que era difícil, a neta menor (o nome dela era Lê) , ela sim era boa de boca, "rapava" tudinho do prato, mas a cara de cotia (o nome era Bia... até que rima), a Bia gostava de pizza, sanduíche, bolo e bala, mas não de feijão.
     Toda criança tem que comer feijão, sabia? Tem ferro, sempre procurei o danado do ferro no meu prato e nunca achei, mas a tia Vê diz que faz bem... Ah!! a tia Vê é médica, braba a beça...e olha que nem pode, é magrinha, baixinha, cabelo curtinho, ela é no diminutivo, mas quando fala o que pode e o que não pode, o xarope certo e a injeção errada, fica grandona, gigante mesmo.

     Vamos voltar ao feijão...a Bia cara de cotia esquentou a comida e o cheirinho foi longe, lá na casa da tia Sueli e a Nanica sentiu também.
     A nanica estava contando que a Bia cara de cotia fosse esquecer alguma coisa sem tampa, torceu, torceu e nem precisou torcer tanto assim, porque ela sempre esquecia, mas dessa vez sabe o que a Bia esqueceu??
O feijão!!! A Nanica nem acreditou, cheirou, olhou, salivou e se deliciou, baixou os queixos mesmo.
     No dia seguinte a avó acordou, colocou os oclinhos de avó, os chinelos de avó e foi na cozinha fazer o café. Foi aí que estava tudo acabado, como diz tia Naná, para o lado da cara de cotia. A avó brigou, brigou, a Bia cara de cotia chorou, saiu até lágrima, ela prometeu nunca mais esquecer nada (hum, tá.. sei...)
     A Nanica? Essa comeu que se fartou, mas como era muito mal educada, comeu mais do que devia, teve que parar na tia Vê, médica de estomago de gata e de pereba de mãe, é danada!!
     Nanica se mudou, está morando na casa de um japonês que não faz feijão, só sushi, ela está até gostando, o pior é aprender a comer com os pauzinhos...mas toda noite a Nanica sonha, sabe com quê??

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